domingo, 30 de janeiro de 2011

Pimentões em Azeite de Oliva

Todos os anos, entre o final de Maio e o começo de Junho, Sbatto prepara as primeiras porções dos pimentões fatiados e conservados em azeite de oliva jovens, extremamente verdes e frutados, para serem devorados nos dias quentes que se aproximam.
Os dias quentes do verão jogam contra o nosso apetite, tanto aqui como lá. Nosso corpo demanda pratos mais leves e frescos, com menores teores de gordura, complexidade e nas mesas, as carnes brancas ganham mais presença que as vermelhas. O Aperol misturado com vinho branco ou espumantes, gelo e rodelas de laranjas ganha a preferência das pessoas e surge sobre as mesas de bate papo dos bares com seu inigualável colorido e poder de refrescância.
Aqui o nosso período mais quente vai de Dezembro até as águas de Março fechando o verão e não é tão diferente a não ser a época e a preferência acentuada pelas cervejas.


Levando tudo isso em conta e o verão que chega com toda sua intensidade, aqui está uma receita simples para preparar os pimentões, das cores da sua preferência ou mistos. Eles dão um excelente colorido nas mesas de antipasti e são muito refrescantes para esses dias.


Alla ricetta...
Ingredientes:
3 pimentões vermelhos maduros e firmes
Azeite de oliva qb
Sal qb
Torradas de pão italiano para servir
Folhas de manjericão para decorar
Mãos nos Pimentões:
Eu lavo, seco e coloco os pimentões inteiros dentro de uma forma e levo ao forno elétrico pré aquecido a 250 graus.
Depois de aquecido, concentro a fonte de energia toda para os elementos superiores. Vigio o comportamento das peles dos pimentões e vou girando na medida que ganham cor.
Deixo até literalmente queimar boa parte das peles.
Depois de me certificar que todas as faces estejam com as peles soltas, retiro e transfiro cada um deles sobre uma prancha de polietileno e retiro todas as peles, engastos e sementes.
Corto em tiras e acomodo dentro de uma travessa.
Polvilho com sal e rego com azeite em abundância.
Levo ao refrigerador por algumas horas entes de servir.
Sirvo com fatias finas de pão italiano tostado!
Uma boa dica para a composição de uma mesa mais variada de antipasti é acrescentar um paté, como por exemplo, um Babaganuche com Tahine como este da foto. (Para ver a receita basta clicar sobre o nome).
Bom apetite!

O pulo do Chef: Não tenha medo que os pimentões possam ficar queimados demais. No processo de limpeza e corte, todos os sinais escuros são facilmente retirados junto com as peles, sementes e engasto.
Podem ser conservados sob refrigeração por vários dias, sempre tomando muito cuidado para não contaminar no manuseio.
É claro que se pode preparar pimentões verdes e amarelos com o mesmo processo e servir misturados ou em recipientes separados. Deixe a criatividade fluir e ouse!

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sábado, 29 de janeiro de 2011

Babaganuche - Paté de Berinjelas com Tahine

Se dependesse da sua coloração, o babaganuche com tahine nasceria morto, me disse certa vez um amigo. Pior que sou obrigado a concordar com ele.
Entretanto, suas outras qualidades superam tanto a aparência que frequentemente ganham admiradores bastante assíduos.
Esse paté é apenas mais um exemplo da versatilidade das berinjelas que eu tanto respeito e adoro... nessa receita, associadas ao tahine, uma pasta de sementes de gergelim descascadas, formam um casamento de causar inveja aos mais fervorosos amantes.
Sua coloração não tão atrativa, pode ser amenizada acrescentando algum componente decorativo como ramos de alecrim, orégano fresco, tomilho, tomatinhos cereja, etc.
Na composição de uma mesa de antipasti de verão, ele tem papel importante pelo sabor marcante e adequado para a estação.

Alla ricetta... 


Ingredientes:
4 berinjelas
2 colheres (sopa) de Tahine Istambul (pasta de gergelim)
1 dente de alho amassado (atenção aqui para não ficar muito agressivo e indigesto)
1 colher (sopa) de azeite de oliva
Sal qb
Mãos nas Berinjelas:
Eu lavo as berinjelas, coloco numa forma de alumínio e levo ao forno com o gratinador aceso, pré aquecido a temperatura máxima, até que as cascas fiquem bem  tostadas e os interiores amolecidos.
Vou girando as berinjelas para que as cascas sejam “queimadas” por todos os lados. Retiro e deixo esfriar.
Depois de frias, corto cada uma delas ao meio na longitudinal e raspo a polpa com ajuda de uma colher descartando as cascas queimadas.
Coloco numa travessa e amasso bem com um garfo.
Adiciono o azeite, tahine, alho e ajusto o sal.
Misturo bem e está pronto para servir.
Sirvo com torradinhas ou fatias de pão italiano cortadas bem finas e levemente tostadas ao forno.
Uma boa dica para a composição de uma mesa mais colorida e variada de antipasti é acrescentar Pimentões fatiados em Azeite de Oliva. (Para ver a receita basta clicar sobre o nome).

Bom apetite!


O pulo do Chef: O processo de queimar as cascas das berinjelas conferem um toque defumado ao paté.
Quem não tem um forno potente com gratinador pode queimar as berinjelas diretamente na boca do fogão ou nas brasas de uma churrasqueira. Vai fazer um pouco de sujeira no fogão, mas o paté fica igualmente bom.
O uso do alho cru sempre merece atenção. Nessa e em outras receitas você pode amansar a potência do alho para que o sabor fique menos agressivo e digestivo. Pode ferver os dentes antes de usar.
Levando em conta as contribuições dos ilustres visitantes, as quantidades de ingredientes podem variar segundo o gosto pessoal, como por exemplo, o tahine, sal, ou - especialmente - o alho. Importante lembrar sempre que uma das faces mais divertidas da cozinha é exatamente esse lado de facultar a quem se aventura nessa "viagem maravilhosa e sem fim", a possibilidade de colocar o seu toque pessoal em tudo que faz. Uma receita é apenas uma mera provocação da criatividade. Divirtam-se e obrigado pelas contribuições sempre bem vindas! 

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domingo, 23 de janeiro de 2011

Radicchio Trevisiano Salteado

O radicchio é italiano e tem sua origem no Vêneto, mais precisamente em Treviso, cidade dos meus avós. Eles têm uma coloração avermelhada marcante e relativa versatilidade na gastronomia, pois guardam um toque natural e característico de agradável amargor... mas, para quem gosta, é claro! 
Por outro lado são excelentes companheiros de carnes vermelhas, fritas, assadas ou grelhadas. Podem ser salteados, cozidos ou grelhados.

Eu costumo trazer sementes de lá e plantar aqui pra matar saudades, escolhendo a melhor época, pois temos condições climáticas um tanto diferentes daquela região. Esses foram produzidos em Sousas no nosso sítio Nova Treviso e sairam super bonitos... É mais um capricho que necessidade, pois podem ser encontrados facilmente nos mercados.

Cada vez que preparo um deles, a mente vai longe sem passaporte, sem reservas, sem ticket aéreo... viaja como pensamento empurrado pelo vento até os pequenos canais na parte baixa de Treviso... a memória olfativa colecionada na infância chega a galope e a saudade... Essa é impiedosa! Judia muito... muito...!

O Sbatto gostava de comer com nacos de pão italiano cortados com as mãos, azeite salpicado de sal, balsâmico e vinho tinto... ele chegava com o pão, eu saia pra horta pra buscar os radicci... o vinho?!... vez ou outra era roubado sorrateiramente do garrafão em uso da Zia Nadia que fingia não ver, mas trazia controle rigoroso sobre as quantidades!

O radicchio roxo aparece na receita de Filé Lardelato com Radicchio Roxo, postada aqui e que vale a pena ser vista.

Alla ricetta...


Ingredientes:
2 radicci limpos e cortados ao meio
Azeite de oliva qb
1 colher (sobremesa) de manteiga
Vinagre qb
Vinho tinto seco qb
Cheiro verde para decorar
4 acerolas para decorar
Sal qb


Mão na Massa:
Eu tempero as metades de radicci regando com azeite, sal e vinagre. Aqueço uma sarten com azeite e manteiga e coloco as metades para fritar viradas para baixo. Adiciono o vinho, cubro e deixo cozinhar por 10 minutos vigiando para não secar demais. Se as metades demorarem para amolecer, adiciono um pouco de água quente e deixo coberto. Quando amolecer bem, destampo e deixo enxugar bem, até dar uma "pegadinha".
Sirvo simplesmente com um traço de azeite...
... ou pulverizada com cheiro verde e fatias de acerola.


Acompanhamento ideal para as carnes vermelhas, mas pode ser uma excelente opção se servido como entrada.

O pulo do Chef: O radicchio é muito fácil de ser preparado e não requer nenhum procedimento sofisticado. A atenção requerida está no ponto de cozimento... na medida que eles vão chegando ao ponto certo, vão ficando macios ao toque. Se você está apto a saltear uma carne, o toque funciona ao contrário.... a carne vai ganhando firmeza a medida que vai passando e o radiccio vai ganhando maciez.
O uso de uma pinça média (ou duas espátulas) para manipular as metades enquanto são salteadas é ideal.

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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Bacalhau è Arrivato - Versão abençoada pela Nonna Concchetta


  • Ver a receita original Bacalhau è Arrivato clicando sobre o nome.
  • Só para lembrar, a origem da receita está no blog do amigo Peco, do qual também sou seguidor. Se desejar conhecê-la basta clicar aqui para visitar o "Blog do Peco".


Modestia às favas, essa é uma das receitas que me sinto mais a vontade quando estou preparando... e por uma série de razões. Primeiro porque ela é uma versão levemente modificada da receita original da Nonna Concchetta. Mais ainda: Tais modificações foram feitas com sua aprovação e abençoadas por ela ainda em vida.
Ela dizia que "para se preparar um bom bacalhau é preciso mais que conhecer o peixe". Dizia que "os que conhecem os bacalhaus 'de vista' nunca conseguirão chegar ao auge"! É preciso "ter amizade com eles"... é preciso "ter intimidade com eles"... É preciso "estudar e conhecer sua anatomia".


Num Natal já muito distante, ganhei de presente um pequeno livreto de bolso, já bastante desgastado pelo uso e com algumas folhas prestes a se soltar. Era um livreto escrito em italiano, papel de segunda categoria, nenhuma cor a não ser o amarelado das folhas e o preto da tinta de impressão. As ilustrações eram simples, feitas com desenhos a mão-livre e impressas com precariedade.
Na verdade, aquele livreto já era um velho companheiro dos meus momentos de lazer e parte do seu desgaste e descuido era de minha autoria e responsabilidade. Seu conteúdo me encantou desde o primeiro contato, assim como um livro de anatomia humana encanta um jovem aluno de medicina. Estavam diante de mim, agora de minha propriedade, a anatomia e todas as técnicas de desossar, demolhar e dessalgar bacalhaus. Ele dava um destaque especial para o ato de desossar, mesmo porque naquela época havia muitos stocafisso que desidratam expostos ao sol e ao vento gelado das regiões frias do norte da Europa e não recebem nenhum grão de sal. O stocafisso só requer hidratação e desossa, nada mais. Qualquer hora dessas coloco aqui uma receita com eles.
Foi nesse momento que descobri que os objetos, todas as coisas materiais enfim, têm um valor e um preço e essas duas características não guardam absolutamente nenhuma relação entre si. Peguei aquele livreto e olhei pra minha Nonna Concchetta... por alguns segundos conversamos por telepatia, pois as palavras ficaram presas não sei onde:
- Pra mim, Nonna?!!!
... e ela aproveitando a ocasião para reforçar a diferença entre o preço e o valor das coisas, disse me matando de orgulho e emoção:
Questo piccolo libro sempre è stato tuo. Sei quello che ha svilupato questa competenza come nissuno, caro ragazzo.
Naquele Natal, como de costume, tivemos o Bacalhau è Arrivato (original) como parte da ceia... e especialmente aquele nunca mais será esquecido.


Fiz questão de colocar aqui essa receita bem detalhada para que você também possa preparar para uma das ceias, Natal ou Ano Novo e espero que ela traga as mesmas emoções e boas lembranças que trouxeram para mim. Boa sorte, boa saúde a todos.


Alla ricetta...


Ingredientes:
2Kg de lombos de Bacalhau, desossados e sem espinhas (veja "O pulo do Chef" abaixo)
1,2Kg de tomates quase maduros, descascados e cortados em rodelas generosas
700g de cebolas das pequenas, inteiras, descascadas (do tipo para fazer conservas)
1,5Kg de batatas rosas, descascadas e cortadas em rodelas generosas
* 400g de cogumelos de Paris, frescos, inteiros se forem pequenos, cortados ao meio se forem grandes. Pode ser menos se não gostar muito.
* 4 cabeças de alho com as pontas cortadas e com os dentes "riscados" com faca afiada. Também pode ser menos se não gostar muito.
* 12 folhas graúdas de couve manteiga ou taioba em rolinhos
Folhinhas frescas e lavadas de tomilho qb
2 maços de cheiro verde, lavados, secos e bem picados
Folhas frescas e lavadas de orégano
Folhas de louro qb
Noz moscada moída na hora qb
Pimenta vermelha seca e moída (um toque sutil)
100g de azeitonas pretas pequenas qb
500ml da azeite extra-virgem de oliva
Sal qb
* ingredientes adicionais à receita original.


Mão no Bacalhau:
... mas antes vamos falar um pouco sobre alguns ingredientes... só os mais importantes:
Essas são as batatas roxas. Elas contém menos água e quando cozinham - ainda que pareça brincadeira - ficam firmes e macias. Eu procuro escolher batadas do mesmo tamanho... ajuda no cozimento e na estética.
Esses são os tomates. Nem muito verde, nem muito maduro. São daqueles que também são mais consistentes.
Essas são as cabeças de alho. Importante escolher cabeças firmes, as que os dentes estejam bem presos. Assim será possível retirar o excesso de cascas sem que se soltem.
Depois de retirar as cascas, é necessário cortar as pontinhas dos dentes e fazer um corte longitudinal e superficial em cada dente para facilitar retirar o conteúdo na hora de servir.
Ficam assim depois de preparados:
Aqui temos 3 ervas, o manjericão, o tomilho e o orégano... todos frescos, lavados e secos antes de serem cortados ou desfolhados.
Ao bacalhau... São pacotes com 800g cada e uso 3 deles que totalizam 2,4Kg. O lombos vêm com ossos e espinhas e retiro tudo cuidadosamente.
As perdas são próximas a 400g nos 2,4Kg, entre 17 e 18%. Se fosse um peixe inteiro, salgado e com todos os ossos, as perdas seriam entre 25 a 30%. Agora eu tenho 2Kg de peixe limpo, sem os ossos, sem as espinhas e completamente dessalgado.
Ao fundo a balança registra as perdas no processo.
Agora a panela. Importante que seja uma de fundo grosso, daquelas que distribuem o calor de maneira uniforme. Isso vai contribuir muito para que o cozimento também seja uniforme. Essa receita não pode ser mexida... tudo é cozido sem menhum toque desde o momento que o fogo é aceso. Aqui estou usando uma de 30cm de diâmetro.
Montagem:
... coloco uma camadinha de cheiro verde no fundo.
Rego com azeite preparando para a entrada das batatas.
Uma boa camada de batatas e uma boa ralada de noz moscada sobre elas.
Quando saírem daí estarão dessa maneira.
Vou acomodando os lombos de bacalhau sobre as batatas. Eles ficam com a pele virada para baixo, o que ajuda a manter os pedaços inteiros.
Arranjo todos os pedaços cuidadosamente distribuídos. Rego com azeite.
Quando saírem daqui devem estar "lascando"assim.
Sobre eles entram as cebolas...
... que quando saírem daí estarão assim.
Agora a camada de rodelas de tomates com as cabeças de alho viradas para cima. Rego com mais azeite.
 
Quando saírem daí estarão assim.
Agora os cogumelos, cheiro verde, azeitonas, orégano, noz moscada e pimenta moída. Mais azeite.
Quando os cogumelos saírem daí estarão assim.
Faço rolinhos com as folhas de couve, aparo as pontas e encaixo cada um deles no centro e nas laterais da panela.
Quando saírem estarão dessa maneira.
Finalizo acomodando o restante das ervas, batatas, tomate, cogumelos. Dou uma repassada na noz moscada, pimenta, mais cheiro verde... finalizo com azeite, deito o ramo de manjericão - pode ser de louro - e levo ao fogo.
Fogo alto no início, com tampa, até levantar fervura. Depois diminuo para manter a fervura branda. Completo o azeite, se necessário, para que a fervura chegue até a parte superior da panela, mas sem derramar.
Mantenho a tampa com mínima abertura permitindo a redução lenta do molho.
Assim é como deve ficar a fervura quando se levanta a tampa
Verifico o sal e ajusto se necessário. Uma hora depois, ou um pouco mais, estará pronta.
Apago o fogo, deixo descansar 10 minutos com tampa e sirvo com arroz branco.


Aqui está uma amostra de um prato montado com todos os ingredientes.




O vinho: São os mesmos da receita Original.

O pulo do Chef:

São os mesmos da receita Original com apenas um detalhe radical sobre as peles do bacalhau:
É claro que você não precisa comer a pele se não gostar, mas que seja retirada no prato... e eu não ficarei ofendido! Quer saber a razão?
Certamente o caro visitante já notou que muito se fala sobre os ômegas, os colágenos e seus benefícios... gastamos relativa grana comprando produtos com esses componentes... Ora, estar diante de umas das mais saborosas e NATURAIS fontes de colágeno e ômegas que existe e descartar..., eu acho um desperdício, mas respeito!
Para determinar quantidades eu uso como base o rendimento do peixe Gadus Morhua na porção de 300 a 350g por pessoa depois de desossado, demolhado e com pele.
Usei aqui aquele peixe que é comercializado congelado, porcionado em lombos, já dessalgado, o que não quer dizer que não contenha sal. Então, cuidado... o melhor é provar após uns 15 minutos depois que levantar fervura e ajustar, se necessário.
Cada camada para essa medida de panela leva aproximadamente 5 batatas médias e 7 de tomates igualmente médios.


Essa quantidade serve bem 8 pessoas.


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